Flor do Maracujá: A trajetória da maior festa junina folclórica de Rondônia -->

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Flor do Maracujá: A trajetória da maior festa junina folclórica de Rondônia

 

Flor do Maracujá 2024. — Foto: Reprodução/Governo de Rondônia. /// Evento celebra há mais de quatro décadas a cultura popular amazônica com danças, tradições e projetos sociais

Porto Velho, Rondônia - A batida do tambor, o colorido dos figurinos e a vibração das arquibancadas anunciam mais uma edição do Arraial Flor do Maracujá, maior festa junina folclórica de Rondônia, que chega em 2025 à sua 41ª edição. Realizado no Parque dos Tanques, em Porto Velho, o evento não é apenas uma comemoração popular, mas um símbolo vivo da identidade cultural rondoniense.

A origem do Flor do Maracujá remonta à década de 1980, quando a educadora paraense Maria de Nazaré, recém-chegada à capital, uniu-se a grupos folclóricos locais para valorizar manifestações da cultura amazônica, como as quadrilhas e os bois-bumbás. A primeira edição do evento ocorreu em 1983, em uma quadra de areia próxima ao Ginásio Cláudio Coutinho, contando com infraestrutura improvisada e apoio da comunidade.

Antes disso, as festividades juninas eram concentradas no calendário escolar. Com a criação oficial do Estado de Rondônia em 1982, o cenário cultural ganhou novo fôlego. A primeira Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás foi lançada ainda em espaços escolares, com destaque para a Escola Estadual Barão do Rio Branco, onde se realizou o primeiro festival de folclore estadual.

Segundo Maria de Nazaré, “a estrutura era precária, mas a vontade de manter vivas as tradições falava mais alto. Tudo era feito com amor à cultura”. A escolha do nome do arraial homenageia a primeira quadrilha registrada oficialmente em Porto Velho: a “Flor do Maracujá”.

Desde então, o evento passou por diferentes locais da cidade, como a atual sede da Assembleia Legislativa, o bairro Costa e Silva (hoje bairro dos Imigrantes) e até mesmo o centro Esperança da Comunidade, durante a enchente de 2014. Desde 2015, o arraial voltou ao Parque dos Tanques, agora em uma área mais elevada, embora ainda com estrutura temporária.

Com o passar dos anos, o Flor do Maracujá transformou-se em uma superprodução. O que antes era uma apresentação simples ganhou contornos de espetáculo competitivo, com grupos disputando prêmios através de coreografias elaboradas, fantasias luxuosas e torcida organizada. “A partir de 1990, as quadrilhas também passaram a competir oficialmente, o que elevou o nível técnico das apresentações e atraiu ainda mais o público”, explica Nazaré.

Mais do que uma festa, o arraial se consolidou como um projeto de inclusão social. Crianças e adolescentes só podem participar se estiverem regularmente matriculados na escola. Os ensaios começam meses antes do evento, reforçando valores como disciplina, comprometimento e orgulho cultural. “É um ambiente seguro e educativo. Muitos jovens encontram no Flor do Maracujá uma forma de expressar talentos e construir um futuro melhor”, destaca a organizadora.

A realização do evento é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado de Rondônia, a Prefeitura de Porto Velho, patrocinadores e mais de 50 grupos folclóricos. No entanto, a ausência de um espaço fixo e permanente ainda é um desafio enfrentado ano após ano. “A estrutura é toda desmontada após o evento. Sonhamos com um espaço cultural definitivo, que possa receber o Flor do Maracujá e outras grandes celebrações de Rondônia”, desabafa Nazaré.

Mesmo diante das dificuldades, o evento se mantém firme graças ao envolvimento popular. “O que mantém o Flor do Maracujá vivo é o povo”, afirma Maria, emocionada. “É o coração rondoniense que pulsa a cada batida do tambor, a cada passo de dança, a cada noite de festa”.

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