Porto Velho, Rondônia - O humorista e influenciador digital Whindersson Nunes revelou, em entrevista exibida no programa Fantástico no último domingo (3), que recebeu o diagnóstico de altas habilidades/superdotação durante sua última internação para tratamento da dependência de álcool. Segundo ele, a descoberta ajudou a compreender aspectos de sua infância, comportamento e também de sua história com a depressão.
“Eu já me sentia, assim, meio diferente”, contou Whindersson ao lembrar da infância, marcada pelo isolamento e pelo sentimento de inadequação. O influenciador relatou que preferia ficar sozinho, mesmo durante momentos de socialização, como o recreio escolar. “Preferia o papo estranho a andar com a turma.”
Superdotação e saúde mental
Durante a internação, Whindersson foi submetido a uma bateria de testes, que apontaram o perfil de altas habilidades, caracterizado por capacidades cognitivas acima da média. Embora esse diagnóstico geralmente seja associado a desempenho acadêmico elevado, especialistas alertam que também pode trazer sobrecarga emocional.
A neuropsicóloga Carolina Mattos, ouvida pela reportagem, explicou que pessoas com esse perfil costumam apresentar um pensamento acelerado e questionamentos constantes, o que pode se tornar um fator de risco para quadros depressivos.
“Essas altas habilidades trazem para o indivíduo um pensamento muito intenso e constante sobre si, o mundo e suas experiências. Por isso, muitas vezes, vemos essa condição associada à depressão ou à ansiedade”, afirmou Mattos.
O caso de Whindersson reforça essa correlação. Ele afirma que o diagnóstico permitiu compreender melhor os momentos em que enfrentou crises existenciais, episódios depressivos e uso abusivo de substâncias. “Eu queria entender por que essa vontade de terminar a garrafa, de não conseguir parar em um pouco só”, revelou.
Novos hábitos e busca por equilíbrio
Desde o diagnóstico, o influenciador diz que adotou mudanças significativas na rotina: reduziu o consumo de álcool, diminuiu o tempo de exposição às telas e segue em acompanhamento psiquiátrico. “Já não estou mais pensando em vencer, em ser o primeiro”, afirmou. “Estou por saber que aqui é uma passagem. E é um tempo pequeno também, se você parar pra pensar na eternidade.”
A fala revela um novo momento na vida de Whindersson, que busca equilíbrio entre carreira, saúde mental e propósito. Sua experiência também amplia o debate sobre a importância da identificação precoce das altas habilidades e da criação de políticas públicas que considerem os desafios emocionais enfrentados por indivíduos superdotados.
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